16 de setembro de 2016

Resenha: Ensaio sobre a cegueira

Com o coração repleto de alegria, venho hoje resenhar o livro ''Ensaio sobre a cegueira'', do portuga José Saramago. Acredito que esta resenha é muito esperada, principalmente pela minha mãe e pela minha professora Jéssica, que me emprestou o livro e confiou em mim para cuidá-lo e depois de ler, resenhar aqui para vocês. Antes de eu começar a apresentar o mundo que Saramago criou, quero agradecer à essas pessoas maravilhosas que durante a leitura me incentivaram pra caramba. O incentivo de vocês e a preocupação me fizeram ler este livro.


Título: Ensaio sobre a cegueira
Autor: José Saramago
Editora: Companhia das letras
Ano: 1995
Páginas: 310


Resenha:



Irei começando a resenha dizendo o seguinte: Não foi nada fácil. É diferente de todos os outros livros que já li na minha vida, tanto pela escrita do autor que é repleta de peculiaridades, quanto na diagramação e tipo de narrativa. Mas vamos e convenhamos, não é pra tanto que o livro do português ganhou um Prêmio Nobel.

O enredo de ''Ensaio sobre cegueira'' inicia-se no trânsito. Com o título referindo-se a cegueira, já temos uma ideia de que tema o autor irá tratar.

"Um dia normal na cidade. Os carros parados numa esquina esperam o sinal mudar. A luz verde acende-se, mas um dos carros não se move. Em meio as buzinas enfurecidas e à gente que bate nos vidros, percebe-se o movimento da boca do motorista, formando duas palavras: Estou cego. - Nota da orelha do livro. 

Há muito tumulto quando o homem faz aquela afirmação, ele não fazia ideia de como aquilo acontecera e o por quê que sua cegueira era como se estivesse a nadar por um mar de leite, e não em meio as trevas, como qualquer outra cegueira. Ainda no mesmo cenário, vemos a bondade de outro homem ao oferecer-lhe ajuda àquele pobre cego. O primeiro cego ( como é chamado o homem que cegou), aceitou a ajuda de bom grado e deixou com que aquele lhe oferecera ajuda dirigisse o seu carro enquanto ele lhe informava as coordenadas para chegar à sua casa.

Ao encontrar o prédio do primeiro cego, o homem o guiou até o seu apartamento e quando estava para entregar-lhe as chaves para o devido dono, lhe veio a mente que poderia roubar o carro. Ele não tinha intenção alguma de roubar-lhe o carro, porém, a ocasião o tornou ladrão.

Quando o primeiro cego se deu conta de que havia sido furtado, ficou furioso. Contou para sua mulher que estava cego e tudo o que lhe acontecera e a mesma decidiu que o levaria ao médico. Chegando no consultório de oftalmologia, foi atendido primeiro que todos os outros que ali estavam presentes antes dele, o que causou um pouco de confusão. O médico sabia das urgências daquele paciente, por isso o atendeu atenciosamente para descobrir o que causou aquela cegueira. Nenhum sintomas, nenhum defeito nos olhos, nada. Nada fazia sentido.

O problema era que as pessoas não sabiam que se tratava de uma cegueira epidêmica até elas serem contagiadas pelo mal branco. Todos aqueles que tiveram contato com o primeiro cego, contato com os contagiados pelo primeiro cego (e assim respectivamente) ficaram cegos. Antes de os casos de cegueira se alastraram mais pela região, pela cidade e até mesmo pelo país, o médico recorreu ao Ministério da Saúde para que tomassem alguma providência. Estudaram os casos e decidiram que deviam alojar as pessoas contaminadas e aquelas com suspeitas em um único lugar, até que encontrassem a cura para a epidemia.

O lugar que fora escolhido para alojar aquelas pessoas foi um manicômio em desuso há muito tempo. O Governo tratou de buscar os contagiados em ambulâncias e levá-los imediatamente para lá. Decidiram que o manicômio seria divido em duas alas: a ala esquerda seria para aqueles que tinham suspeitas de cegueira e a ala direita para aqueles que já estavam contaminados. Os cegos passariam por uma grande prova de sobrevivência no local, além de terem que habituar-se a nova realidade, teriam que viver em meio a imundices e dejetos dos cegos que muitas das vezes não conseguiam chegar até aos banheiros. Ainda tinha a questão de terem que se acostumar com a imposição do governo em cumprir regras dentro da quarentena e da organização, que era algo muito delicado.



O que mais me chamou a atenção ao começar a leitura foi a forma como Saramago escreve. Sem pontos de travessões, exclamações e até mesmo pontos de interrogações. Eu fiquei por muito tempo parando a leitura para me perguntar se Saramago escrevia uma pergunta e quem era o narrador da fala. Além do mais, a narrativa da história é em terceira pessoa e com uma linguagem formal. O livro tem capítulos extensos, o que para mim, deixou a leitura um pouco maçante. As margens do livro são bem centralizadas e certinhas, e os parágrafos são grandes, um diferencial em quesito diagramação.

A capa nos chama a atenção, de fato, mas qual mensagem ela quer nos passar? Qual é o seu significado? Os pedacinhos de papéis estão rodeando um em especial, aquele que se encontra no meio e são atraídos como imãs. Para mim, os pedacinhos de papéis ao redor são os cegos ( claro) e o único no centro é aquela que vê, aquela que via por todos aqueles que não tinham olhos. Não posso falar quem é a personagem, quero que se surpreendam como me surpreendi!

Falando da história em si, eu gostei muito de sua premissa. O livro não aborda apenas a cegueira, ele aborda muito mais adentro, sua mensagem é muito subjetiva. Saramago questiona em diversos pontos do livro os problemas da sociedade e as falhas humanas e, caramba, tinha horas que cansava a forma como ele escrevia disso. Apesar de todos esses pontos, eu gostei muito do livro.

Nós vemos durante o enredo quanto o ser humano se habitua rapidamente as coisas e como ele pode perder sua humanidade tentando sobreviver. Os cegos de ''Ensaio sobre a cegueira'' foram sujeitos a rebeliões, falta de comida, dejetos espalhados pelo caminho e imundices, abusos ( tanto físicos como morais). Se tornaram verdadeiros animais.

O final foi tão indecifrável quanto o começo. Cada leitor terá sua própria experiência ao lê-lo, e creio que a razão pela qual Saramago não se deu o trabalho de pôr nomes aos personagens ( os personagens eram chamados de primeiro cego, médico, a mulher do médico, a rapariga dos óculos escuros, o rapazinho estrábico, o velho da venda preta, a mulher do primeiro cego...)  é que poderia acontecer com cada um de nós, somos cegos que vêem e que não se preocupam em reparar os próprios erros. Pense bem quando terminar o livro, o nome passará a fazer sentido e as suposições virão à tona.

4 comentários:

  1. Parabéns filha! Eu adorei. Que Deus posso lhe abençoar com esse dom que Ele mesmo lhe deu. :*

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    1. Que bom que gostou! Que Deus possa ouvir suas preces!

      Beijos <3

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  2. Ai eu quero ler esse livro, mas nunca encontro baratinho. Antes eu estava com medo por conta do estilo de escrita, mas parece uma história tão boa que vale tentar. Beijos!!

    ourbravenewblog.weebly.com

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  3. Saramago com esse livro nos mostra como a busca pela sobrevivência pode nos tornar cruéis e suscetíveis a quaisquer circunstâncias. Como o homem é desumano e egoísta nas horas difíceis. Na história ele usa a cegueira para mostrar atitudes que várias pessoas cometem todos os dias, mesmo sem estarem em situações extremas, ao machucar alguém para pegar cadeira vaga no ônibus, ao fingir que dorme para não ceder assento aos idosos, ao encher seu recipiente sem pensar na fome dos vêem atrás.
    É o meu livro número 01 e eu me sinto realizada por ter ajudado a você a se desafiar, sabia que você conseguiria e como profissional me sinto orgulhosa de ter uma aluna com seu nível e de poder como professora influenciar, para o bem uma aluna, assim como fui influenciada por uma querida professora Ana Eliza que Deus já tem nos braços.
    Parabéns Luíza, ficou maravilhoso e que você incentive cada vez a mais pessoas a entrar no mundo da leitura! ������

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